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Herança Cultural

Por: Mãe Gardênia d´Iansã


A Festa do Rei dos Índios é realizada no Centro Espírita de Umbanda Jesus Maria José desde 1956, sempre no dia 20 de janeiro em homenagem à Oxóssi que é o orixá das matas, caças e pesca, como também, é o aniversário da Mãe Balbina, o Rei dos Índios era o guia espiritual dela. Mesmo após sua partida em março de 2020, a tradição está sendo mantida, Mãe Gardênia d´Iansã, herdeira espiritual de Mãe Balbina, mantém a tradição com o mesmo fundamento que foi indicado. Como acontece todos os anos, a louvação para o Rei dos Índios marca a abertura do ano para os visitantes e consulentes.

Evento: 68ª Festa do Rei dos Índios

Dia: 20/01/2025

Horário: 18:30/22:00

Local: Centro Espírita de Umbanda Jesus Maria José

Público: Mais de 200 pessoas no formato presencial; mais de 5 mil no formato digital

Texto: Luís Carlos Soares

Imagens: Acervo Instituto Sociocultural Mãe Balbina


Cotejo Cultural


A cultura nordestina é um testemunho vibrante da resistência e da resiliência dos povos afro-indígenas no Brasil. Compreender essa cultura requer uma abordagem que valorize suas raízes históricas, reconheça suas contribuições contemporâneas e respeite a complexidade das identidades que compõem essa rica herança cultural. O futuro da cultura nordestina depende do reconhecimento contínuo dessas ancestralidades e da valorização das práticas culturais que emergem dessa intersecção única entre os povos africanos e indígenas no Brasil.

A Festa do Rei dos Índios, realizada no dia 20 de janeiro, é uma celebração que destaca a rica tradição cultural e a importância da ancestralidade indígena no Brasil, especialmente na região nordestina. Essa festa é um momento de união e celebração da identidade da cultura indígena, promovendo o reconhecimento e a valorização das culturas nativas.


Importância da Festa do Rei dos Índios


Como ressignificação cultural, este momento serve como um espaço para a ressignificação das tradições indígenas, permitindo que as comunidades reafirmem suas identidades e práticas culturais em um contexto contemporâneo. É uma oportunidade para os jovens aprenderem sobre suas raízes e a importância de suas culturas ancestrais.

Objetivando a valorização da ancestralidade, são realizadas danças, cantos e rituais que homenageiam os ancestrais e a natureza. Essas práticas são fundamentais para a preservação das tradições orais e dos saberes indígenas, que muitas vezes são ameaçados pela modernização e pela globalização.

Na construção da integração com a comunidade, a festa do Rei dos Índios promove a união entre diferentes grupos indígenas e a comunidade em geral, fortalecendo laços sociais e incentivando o diálogo intercultural. É um momento em que as comunidades se reúnem para celebrar sua história e suas conquistas.

A resistência vai conquistando o reconhecimento da sociedade. A celebração também é uma forma de reivindicação por direitos e reconhecimento social. Em um contexto onde as populações indígenas enfrentam desafios como a luta por terras e direitos básicos, a festa se torna um ato político de resistência.

Fica nítido o conjunto de elementos que demonstram o sincretismo cultural, muitas vezes incorpora elementos de outras tradições culturais, como as influências africanas e cristãs, refletindo o sincretismo que caracteriza a cultura brasileira. Isso demonstra como as culturas se entrelaçam e se enriquecem mutuamente.

No que tange a manutenção da tradição e da cultura, o evento remonta a práticas ancestrais que celebram a conexão com a terra, os espíritos da natureza e os ancestrais. Durante o evento, é comum vermos rituais de dança tradicionais que contam histórias dos povos ancestrais que expressam sua relação com o mundo natural; músicas e cânticos como uma forma de transmitir conhecimentos e valores culturais, sendo frequentemente acompanhadas por instrumentos típicos; são feitas ofertas à natureza, à terra, às águas e aos espíritos, em agradecimento pela proteção e pela abundância.


Resistência Cultural


A Festa do Rei dos Índios, realizada à 68 anos, no Centro Espírita Jesus Maria José é mais do que uma simples celebração, se trata de uma manifestação vital da resistência da arte e da cultura indígena no Brasil. Ao promover a valorização das tradições ancestrais, essa festa não apenas enriquece o patrimônio cultural brasileiro, mas também, fortalece as comunidades indígenas em sua luta por reconhecimento e direitos. Em um mundo em constante mudança, eventos como esse são cruciais para manter viva a memória coletiva e as práticas culturais que definem as identidades de seus povos.


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