“...a magia Africana, dos cultos de nação do Candomblé e Umbanda que trouxe a devoção aos Orixás em território brasileiro, teve como veículo os negros escravos de tempos antigos, nossos ancestrais que não estão mais entre nós como encarnados, mas encontraram na Umbanda um caminho para continuarem suas missões como entidades que muita sabedoria nos tem a oferecer..."
É com as palavras – adorei as almas – os Umbandistas recebem os Pretos-Velhos, Vovôs e Vovós como carinhosamente são chamadas estas entidades africanas responsáveis por agregar algumas das práticas candomblecistas a nossa heterogênea religião de Umbanda. Com certeza, todo o carisma da Umbanda devemos a estas entidades, verdadeiros símbolos de nossa religião, uma das giras mais populares.
Eles mesmos, os Pretos-Velhos cativam pela humildade, pela paciência e pelo amor de um avô para com os filhos de Umbanda que encontram nestes espíritos evoluídos o bálsamo necessário para continuarem em sua luta, a luta contra o preconceito, um preconceito que eles conheceram muito bem - e que existe até hoje, infelizmente.
Para aproveitar os ensinamentos de um Preto-Velho, basta sentar-se diante dele, sem necessidade de nada nas mãos, mas com o coração aberto e com a consciência de que na sua frente se encontra um mestre entre dois mundos. Mas, se ainda assim quiser agradá-lo, um copo de garapa ou café preto são suas bebidas preferidas, às vezes acompanhada de um marafo, que outrora foi seu único consolo nas infinitas noites em que tentavam dormir ouvindo os gritos de seus familiares que enfrentavam os troncos e chicotes incansáveis. Para comer, um bolo de fubá, um torresmo ou uma feijoada, caso seja dia de festa.
Pode ter certeza que, trocam tudo isso por um "obrigado meu pai!". Estes espíritos se manifestam como pessoas idosas. Vêm encurvados, mal conseguem andar. Trabalham sentados em troncos e apoiam-se em suas bengalas feitas de galhos de árvores ou plantas que se utilizam das folhas. Arruda, guiné, manjericão, folhas para suas mirongas poderosíssimas.
Um cachimbo, um chapéu de palha, uma roupa branca, um terço de rosário, dois pés no chão, 1.000 anos de experiência. 1.000 outras almas salvas por eles.
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