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A DIVINDADE MANGUEIRA

  • Foto do escritor: Instituto Mãe Balbina
    Instituto Mãe Balbina
  • há 14 minutos
  • 2 min de leitura

Saberes ancestrais e a sacralidade da árvore nas tradições espirituais do Candomblé, da Umbanda e da Jurema, como expressão viva de fé, cultura e resistência dos povos tradicionais.


*Por Mãe Gardênia d’Iansã

Mãe de santo de Umbanda, dirigente do Terreiro Jesus Maria José, especialista em culturas afro-indígenas, tradição oral e espiritualidade ancestral dos povos de terreiro no Ceará.



Mais que sombra e alimento, a mangueira se revela como uma potência espiritual e cultural, reverenciada por seus significados ancestrais. Este texto busca mergulhar nos fundamentos antropológicos, históricos, sociológicos e teológicos que sustentam a sacralidade dessa árvore, reconhecendo nela um elo sagrado entre os encantados da terra, os orixás do céu e os saberes dos povos originários do Brasil.


A Mangifera indica, conhecida popularmente como mangueira, é uma árvore frutífera de origem indiana, mas profundamente enraizada na cultura e espiritualidade dos povos tradicionais do Brasil. Sua presença nas paisagens rurais e urbanas é também simbólica, marcando espaços de sombra, encontro, oferenda e ritual, especialmente nas práticas afro-indígena-brasileiras.


Na cosmovisão dos povos originários e nas religiões como o Candomblé, a Umbanda e a Jurema, a mangueira carrega significados ancestrais que atravessam o tempo e as fronteiras culturais. Suas partes: caule, folhas e frutos, são utilizados não apenas na medicina tradicional, mas também em rituais de cura, proteção e conexão com o sagrado.


O caule da mangueira, firme e majestoso, representa ancestralidade e resistência. Debaixo de sua copa, terreiros de chão batido abrigam giras, rezas e conselhos. Em muitas comunidades, a árvore é percebida como morada de encantados, lugar de força espiritual, onde se firmam obrigações e se assentam fundamentos.


As folhas da mangueira são amplamente usadas em defumações, banhos e rezas. Elas carregam o axé da limpeza espiritual, sendo associadas à renovação das energias. Nos cultos da Jurema, por exemplo, seu uso está relacionado à abertura de caminhos e à proteção espiritual das mestras e mestres encantados.


O fruto da mangueira, a manga é símbolo de fartura, doçura e alimento espiritual. Oferecida em obrigações a orixás e encantados, a manga também aparece em oferendas aos Erês e entidades da natureza. Representa abundância e vínculo com a terra, fortalecendo laços entre humano, divino e natureza.


Na tradição oral dos povos de terreiro, muitas histórias associam a mangueira à ancestralidade feminina, à força das mães e das Iyabás. A árvore é vista como testemunha de tempos antigos, guardiã de segredos e portal para dimensões espirituais. Assim, a mangueira não é apenas planta, mas entidade viva.


Conclui-se que a mangueira, em suas múltiplas expressões, é um símbolo sagrado que atravessa saberes e práticas ancestrais. Sua importância não se limita ao campo botânico ou alimentar: ela integra o imaginário espiritual, sendo ponte entre o mundo material e os mistérios do sagrado nas tradições afro-indígenas.


Preservar e valorizar a mangueira, é também proteger as culturas que a reverenciam. A árvore reafirma, em cada folha, caule e fruto, a presença viva da ancestralidade no cotidiano dos povos tradicionais. Sua sombra é abrigo, seu fruto é bênção, e sua memória, raiz que sustenta a espiritualidade brasileira.


Texto: Luís Carlos

Imagem: Acervo Instituto Mãe Balbina

 

 
 
 

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