Os rituais umbandistas sempre existiram, para proteger seus praticantes eram praticados de forma mais discreta, não eram feitos registros para que não pudessem ser usados contra eles mesmos, a partir de Zélio de Moraes, a Umbanda passar a ter um nome comando criar e manter seus registros. Hoje temos uma religião, que por mais que exista preconceito, ela é de todos e para todos.
*Por Mãe Gardênia d´Iansã
Imagem pertence ao acervo do Instituto Mãe Balbina
Naquela época a Umbanda sofria grande preconceito e marginalização por parte da sociedade, o que prejudicou a criação e manutenção de registros formais. No período do chamado “Estado Novo”, as práticas religiosas de matriz indígena e africana foram alvo de discriminação e perseguição, e muitos umbandistas foram obrigados a manter suas práticas em segredo[1]. O medo de represálias fez com que as comunidades evitassem a criação de documentos escritos que poderiam ser usados contra elas.
A Umbanda como é reconhecida hoje, com suas práticas, rituais e organização começou a ser sistematizada a partir da experiência de Zélio Fernandino de Moraes em 1908, quando o Caboclo das Sete Encruzilhadas se manifestou pela primeira vez em uma sessão espírita. Mesmo havendo práticas espirituais e religiosas no Brasil que misturavam elementos africanos, indígenas, espíritas e católicos. Embora as práticas espirituais que influenciaram a Umbanda já existissem, a religião como uma entidade organizada, com nome específico e práticas formalizadas, foi consolidada a partir da experiência de Zélio de Moraes[2].
O dia 15 de novembro é uma data de grande importância para a Umbanda, pois marca o momento simbólico de sua “fundação”, comemorado desde o início do século XX como o dia em que a religião foi oficialmente apresentada ao público[3]. Esses dados estão intrinsecamente ligados à figura de Zélio, considerado o fundador da Umbanda, e ao espírito iniciante Caboclo das Sete Encruzilhadas, que se manifestou em 1908.
Mais do que uma data comemorativa para a Umbanda, esse dia representa um símbolo de resistência, inclusão e identidade[4]. Registra o surgimento de uma prática religiosa brasileira, que acolhe e respeita a diversidade. A Umbanda promove a união de tradições e saberes, perpetuando as raízes africanas, indígenas e europeias em um espaço onde todos são acolhidos e respeitados, se tornando uma expressão de resiliência cultural, reafirmando valores de fraternidade e igualdade, refletindo a pluralidade e a riqueza da identidade brasileira.
[1] PRANDI, Reginaldo. O mundo místico dos orixás . São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
[2] BASTIDE, Rogério. As religiões afro-brasileiras: desenvolvimento e presença . São Paulo: Edusp, 1978.
[3] SOUZA, Paulo Henrique. Resistência cultural e religiosa: a Umbanda e os desafios da modernidade . Revista de Cultura e Sociedade, v. 2, pág. 75-90, 2021.
[4] VERGER, Pierre. O rito e o tempo . Direção de Pierre Verger. Brasil: Instituto Pierre Verger, 1995. Documentário.
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